domingo, 27 de abril de 2014

O TAJ MAHAL


Não tenho vontade de conhecer a Índia. Sei que há coisas muito interessantes a ver lá, interessa-me sua história, admiro certos aspectos do seu desenvolvimento, mas há destinos muito mais atraentes para mim que aquele país.
Isso me cria um problema: eu quero muito conhecer o Taj Mahal e o Taj Mahal fica na Índia (em Agra, junto ao rio Yamuna). E o que eu quero ver no Taj Mahal tem que ser visto lá, não bastam fotos e vídeos. Daí por que eu talvez acabe indo um dia à Índia.
O Taj Mahal (o nome significa coroa de palácios) é um mausoléu que o imperador Shah Jahan mandou construir em 1632 para sepultar sua esposa favorita, Aryumand Banu Begam, que ele chamava de Mumtaz Mahal, ou joia do palácio e que morreu ao dar à luz o 14º filho. É considerado patrimônio cultural da humanidade pela Unesco. É o mais conhecido monumento da Índia. É uma das sete maravilhas do mundo moderno. É considerado a maior prova de amor do mundo. É visitado por mais de 3 milhões de pessoas por ano. E é uma construção feita em mármore branco, praticamente toda decorada com incrustações de pedras preciosas, sendo a cúpula costurada com fios de ouro. E é essa a principal razão de eu querer conhecê-lo.
                  Face sul do Taj Mahal (Foto: Wikipédia)

O trabalho, feito por 20.000 trabalhadores trazidos de várias cidades do Oriente, e decorado por 37 artesãos principais, demorou mais de vinte anos para ser concluído e é inigualável. Desenhos muito delicados são feitos com pedaços de pedras preciosas de vários tamanhos, muitos deles pequeníssimos, aplicados um a um, com um cuidado e um requinte incomparáveis. O engaste das gemas no mármore é tão perfeito que só se vê a junção usando uma lupa.     Há uma flor de 7 cm2 que foi feita com 60 incrustações diferentes!
E não se pense que são pedras preciosas comuns, não. O lápis-lazúli Shah Jahan mandou vir do Afeganistão, que ainda hoje é o produtor do melhor lápis-lazúli do mundo. As safiras mandou vir do Sri Lanka (antigo Ceilão), que também é uma das fontes das mais belas safiras do mundo ainda hoje. Buscou jade na China. Turquesa, veio do Tibete. E quartzo, da China e da península arábica.  Um total de 28 gemas diferentes foram utilizadas na obra.
Foi assim, com o melhor material possível e com artesãos de técnicas primorosas que Shah Jahan homenageou sua amada Mumtaz Mahal.
Embora construído há 380 anos, a técnica usada no Taj Mahal não se perdeu e hoje, em 2014, descendentes daqueles artesãos que o decoraram continuam a usá-la produzindo peças que são vendidas aos turistas. Minha nora, Cristiane Benvenuto Andrade, como que adivinhando meu dilema de querer conhecer o Taj Mahal não querendo ir à Índia, lá esteve e me trouxe uma dessas peças.  E foi nela que eu vi que o grau de detalhe do trabalho executado no Taj é muitíssimo superior ao que eu poderia imaginar.
O presente que a Cris trouxe é um pratinho de mármore com cerca de 18 cm de diâmetro, decorado com flores em cujas pétalas foram utilizados lápis-lazúli, malaquita, cornalina e outras gemas.

Olhando mais de perto, é fácil identificar a malaquita (verde), o lápis-lazúli (azul-escuro) e a cornalina (laranja). Não sei que gema é a azul-claro e em alguns pontos, há um material de brilho nacarado, que parece ser madrepérola.


Se eu nunca vier a conhecer o Taj Mahal, tudo bem. Já não morrerei tão frustrado.



Fontes consultadas: 
Site oficial do Taj Mahal (www.tajmahal.gov.in). 
Wikipédia em Português (www.pt.wikipedia.org).

2 comentários:

  1. Faltou agradecer, mais uma vez, à Cristiane pelo lindo presente. Que aliás, não é o primeiro que ela dá para o gemólogo Pércio. Quando voltou da Tanzânia, onde esteve trabalhando como voluntária, trouxe-me uma linda tanzanita lapidada. A tanzanita é uma gema que até hoje só foi encontrada naquele país.

    ResponderExcluir
  2. A gema azul-clara deve ser turquesa, lembra com razão a Jane, minha mulher e ex-aluna de Gemologia.

    ResponderExcluir